segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Qualquer outra coisa

A verdade é que nada é de verdade. Tudo não passa de disfarce.
Disfarce a gente começa a montar logo cedo. Naquela pré-adolescência bacana em que a gente não sabe se joga "ranca" ou paquera no shopping, também decide se tornar "Paty" ou "qualquer outra coisa". ~ No caso eu me tornei "qualquer outra coisa".
"Qualquer outra coisa" nada mais é, ou foi, do que ser contra-corrente. Deixar de pentear o cabelo e ir à escola de sandália e meia, vestindo uma calça jeans dois números maior e um moletom poido, independente da temperatura.
Com o tempo a gente já não pode mais usar aquela calça, que não serve mais. Vai a lugares que o moletom poido não é muito bem aceito. Mas com a rebeldia que nos é nata ainda assim não penteia o cabelo.
Pra ser diferente a gente passa a ouvir músicas que não são top 10 ou 20. Deixa de escutar as rádios do momento e "abomina" os lugares mais frequentados da cidade. Pra manter o disfarce, a gente diz que prefere ver um filme russo do que um Blockbuster. Tomar uma cerveja no "vaga-lume" do que um "big-apple" na balada. A gente prefere e descarta.
Pra ser diferente a gente vasculha a programação gratuita e pseudo-cult da cidade, gratuita porque a gente também disfarça pobreza com cultura.
Pra ser diferente a gente se torna igual. E num impulso de voltar a ser diferente a gente pensa em voltar atrás e fazer tudo aquilo que deixou de fazer pra ser diferente.
Esse disfarce já não faz mais sentido. Estão todos usando, até aquelas "Patys" de dez anos atrás.
Cansei, vou ouvir Soweto.



Até!

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